Este artigo pretende constituir-se num instrumento útil de referência e consulta mercadológica, sendo a sinopse das pesquisas, debates, análises e contribuições havidas no âmbito da Reunião Estratégica 06 do Smart City Business Brazil Congress 2022, ocorrido na cidade de São Paulo nos dias 24, 25 e 26 de maio deste ano, denominado “Quais são os desafios para se potencializar o mercado de IoT nas cidades e o que fazer para superá-los?”. Nosso objetivo é compartilharmos com a sociedade brasileira as experiências e os conhecimentos que adquirimos, de forma que o mercado tenha maior impulso de crescimento em suas várias frentes de soluções inteligentes para as cidades através de ideias inovadoras. Ao produzirmos um conjunto de análises e reflexões que configurem propostas para solucionar os desafios e barreiras ao enunciado em epígrafe, intencionamos, por meio da publicação nos diversos canais de mídia e dos expedientes institucionais de formulação de políticas públicas, podermos oportunamente apresentar essas sugestões junto às instâncias governamentais competentes. Sabemos que governos municipais a cada dia buscam ampliar a utilização de tecnologia IoT para monitorar suas infraestruturas e seus ativos de forma mais eficaz, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Segundo recente estudo realizado pela Convergência Digital (https://www.convergenciadigital.com.br) o mercado brasileiro de IoT deverá movimentar R$ 8,5 bilhões por ano; segundo a Gartner (https://www.gartner.com), esse mercado mundial, somente para a área governamental, chegará aos R$120 bilhões em 2022. Estima-se que a expansão da IoT vem trazendo um impacto positivo adicional em todas as economias, traduzido na criação de empregos, redução de custos, ganhos de eficiência na gestão pública, melhoria nos processos de governança, empoderamento dos cidadãos e resolução de problemas públicos. Entretanto, a experiência dos atores envolvidos em IoT no Brasil mostra que os desafios que se apresentam à frente ainda são enormes. Entre esses, enfatizamos que a Motivação é uma das maiores. Como se trata de um tema de razoável complexidade técnica, faz-se necessário abordar os 5.570 municípios brasileiros de forma a minimamente motivá-los a conhecer e entender os benefícios das tecnologias emergentes e disruptivas, assim como se capacitarem e planejarem suas gestões para que percebam os reais ganhos de valor. Além de motivação, as cidades precisam ter o direto de possuírem uma Infraestrutura de TI adequada para operarem seus sistemas digitais, de maneira que propiciem aos cidadãos serviços melhores, de forma organizada, rápida e segura. Ademais, a adoção de sistemas IoT nos municípios implica não apenas ter infraestrutura adequada, mas principalmente Equipes Capacitadas, seja para entender as características da tecnologia e suas limitações, ou seja, para explorar as possibilidades do seu melhor uso na administração pública. Percebe-se que hoje poucos municípios deram-se conta da enorme importância de capacitar seus servidores públicos, cuja maioria é infelizmente também descontinuada a cada troca de mandato dos prefeitos. A experiência mostra, portanto, que, isoladamente, a intenção de implementar soluções IoT não garante o bom desenvolvimento dos projetos, o usufruto dos seus benefícios e nem a continuidade das soluções. Dotar uma gestão municipal com tecnologia IoT pressupõe, portanto, um Planejamento Específico que inclua capacitar servidores públicos municipais, conhecer as criticidades e as necessidades dos munícipes, redesenhar processos internos de gestão, conectar dados às demandas e promover a colaboração entre as entidades representativas da sociedade privada, acadêmica e governamental. Dentro do conjunto de fatores de maior criticidade para termos sucesso num processo de transformação de uma cidade, apresenta-se com ênfase o princípio da Interoperabilidade. Segundo a Cartilha das Cidades, documento oficial do Governo Federal derivado do Plano Nacional de IoT “Uma realidade comum nas prefeituras é que os diferentes departamentos ou secretarias busquem soluções de tecnologia para problemas isolados existentes dentro do seu escopo de atuação. Esse relacionamento entre prefeitura e fornecedores, que é apenas orientado a problemas pontuais, resulta na aquisição de diversas tecnologias não integradas. Como consequência deste comportamento, silos digitais são criados. Os silos resultam em dois problemas principais. Primeiramente eles possuem custos mais elevados do que soluções integradas, uma vez que diversos componentes que poderiam ser aproveitados por todos os sistemas, como a infraestrutura de rede, são replicados. Em segundo lugar, e mais importante, a falta de cooperação entre as diversas aplicações não permite a criação de soluções que habilitem inovações e maximizem os resultados.” A conectividade entre as soluções tem, portanto, um papel importantíssimo na transformação para uma cidade inteligente, já que muitos dos recursos utilizados nas cidades são interdependes de comunicação junto às plataformas, servidores e aplicativos móveis. Centros urbanos que utilizam sensores para coleta de dados e, desse modo, fornecem informações para uma gestão eficiente de recursos, estão fazendo um bom uso das ferramentas para se colocarem como exemplos de Smart Cities. Urge, por conseguinte, resolver a questão da interoperabilidade entre sistemas, princípio basilar de uma solução inteligente, conscientes que ela é, ao mesmo tempo, um ponto de controvérsia e grande resistência entre desenvolvedores de software. Não menos importante e considerada uma das difíceis barreiras que se enfrenta na adoção de soluções IoT é a Viabilidade Econômica dos projetos, ou seja, a justificação financeira para que faça sentido, economicamente. De fato, algumas soluções, por trazerem benefícios sociais intangíveis e se mostrarem difíceis de ser mensuradas quanto ao respectivo ganho econômico, apesar do evidente retorno qualitativo à sociedade, acabam sendo julgadas inelegíveis aos editais e licitações. Ainda dentro do quesito econômico, outra barreira não menos importante a ser considerada é a dificuldade em adquirir materiais e equipamentos relacionados à IoT. Como o Brasil ainda depende da importação de grande parte dos componentes eletrônicos, principalmente na montagem final de placas de circuitos impressos, a alta do dólar nos últimos anos provocou um significativo aumento nos custos correlatos. A inviabilidade dessas aquisições muitas vezes também impacta as áreas de pesquisa e a economicidade dos negócios. Dada a competitividade do mercado e o fato de soluções IoT, em sua grande maioria, partirem de projetos do tipo Open Source, a velocidade com que as tecnologias digitais evoluem e se tornam obsoletas é muito grande. No quesito de testes, a Obsolescência acaba igualmente sendo um enorme desafio a ser enfrentado
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