No dia 27 de setembro de 2022, o Instituto Smart Cities Business America promoveu um debate sobre as oportunidades e os desafios das empresas na retomada dos ODS. Dele, participaram do Diretor para a América Latina e Caribe da ONU Habitat, Elkin Velásquez, e especialistas do setor, que nos ajudaram na elaboração deste artigo.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são compostos por 17 metas globais que trazem os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. Seu principal objetivo, segundo a ONU, é acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.
Estes são os propósitos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil. Mas como eles têm caminhado para atender ao papel para o qual foram criados?
Para localizarmos esse cenário, é válido citar os dados trazidos pelo Relatório Luz 2021, produzido por entidades da sociedade civil brasileira, que mostra o grau de implementação desses objetivos no país. O levantamento revela que o Brasil não possui avanço em nenhuma das 169 metas dos 17 ODS da Agenda 2030. Do total das metas, 54,4% estão em retrocesso, 16% estagnadas, 12,4% ameaçadas e 7,7% mostram progresso insuficiente.
É justamente, a partir desta reflexão que propomos aqui algumas direções viáveis para a realidade brasileira e da América Latina. Estamos falando de propostas que são ambiciosas e interconectadas, como forma de um apelo global para repensarmos o plano traçado anteriormente e como a nova realidade, a partir do cenário global trazido pela Covid-19, já não atende mais ao que havia sido pensado.
Para o momento atual, é preciso proporcionar um olhar multidimensional, com vistas a achar janelas de entradas em um mundo que é complexo. O que precisamos, na prática, é incentivar contínuos comportamentos, nas empresas e indivíduos, em adotar os ODS, a fim de que todos se comprometam, integralmente, em fazer o bem dentro dos fatores globais de ESG.
A partir da presente perspectiva, temos que trabalhar os ODS de maneira integral para que os esforços não se tornem apenas uma visão setorial, mas que, por meio deles, operemos com a metodologia necessária à integração de soluções urbanas.
Para que isso ocorra, é necessário que haja integração com o setor privado para conseguirmos avançar e, por isso, temos que traduzir os ODS como modelo de negócio a fim de gerar mais oportunidades com impactos positivos. Essa foi a premissa para a criação do Pacto Global, que tem o intuito de ser a força de conexão das empresas com os 17 objetivos estabelecidos.
Para se ter ideia, nove em cada 10 empresas e entidades têm interesse em obter a certificação ODS, que permite medir - mais facilmente - o impacto de uma corporação no meio ambiente. E, o que falta hoje, é justamente um marco de comparação para essas organizações, mas é possível ter esses indicadores a partir dos ODS. Como exemplo, podemos citar a hipótese de uma empresa que quer investir em impacto social e para alcançar tal objetivo deve utilizar os ODS como parâmetros.
Conceito da Cidade de 15 minutos
O conceito “Cidade de 15 minutos”, criado por Carlos Moreno, mostra uma forma tangível de medir a qualidade de vida nos centros urbanos. Essa teoria é inspirada em modelos urbanos de hiper proximidade, ou seja, ela aponta como as pessoas que moram nas cidades, grandes e médias, convivem aceitavelmente com o longo tempo em deslocamento nas suas rotinas para acessar o básico e, como resultado, ela propõe um caminho para cidades melhores e mais justas. Logo, se isso não ocorre, precisa saber quais são as carências e como a iniciativa privada pode ajudar com essas necessidades por meio de educação, saúde, lazer, entre outros.
Oportunidades
As oportunidades de negócios possíveis a partir da análise dos problemas - como enchentes, poluição, emissão de poluentes e outros - e quais são as soluções, estão na integração entre o meio ambiente e as cidades.
Uma possibilidade, por exemplo, é o monitoramento urbano ou geolocalização. Para que uma cidade seja resiliente, é preciso ter planejamento e gestão e tudo o que se refere à utilização do solo, é possível identificar caminhos de ação, seja no trânsito ou em riscos naturais, a partir da observação remota.
Por fim, existe uma questão transversal, independentemente do setor de atuação, que é utilizar os ODS como uma forma de expressão, pois eles são considerados uma linguagem universal desde a mobilização de impacto até o estabelecer de uma conversa.
Elaborado por:
Participaram deste SCB Meeting e colaboraram para esse artigo: