Este artigo é uma sinopse dos debates, análises e contribuições havidas no âmbito da Reunião Estratégica nº 15 do Smart City Business Brazil Congress 2022, ocorrido na cidade de São Paulo no dia 25 de maio de 2022.
Dados são possíveis de serem coletados por inúmeros meios e a aplicação deles na gestão pública pode resultar em ações efetivas para a zeladoria urbana, com impactos positivos do ponto de vista econômico, ambiental e social.
Um exemplo de sucesso foi o que envolveu a UBER no mapeamento de problemas em pavimentação no município de São Paulo e sua participação no planejamento da reformulação da Rua Oscar Freire, em São Paulo, que liberou o espaço aéreo com infraestrutura subterrânea. Soluções de IoT, somadas à participação de usuários e de cidadãos em aplicativos de gestão e informações de satélites, geraram um potencial de conhecimento de dados que hoje permite, por exemplo, uma taxa de previsibilidade de 65% para alagamentos.
O município de Jundiaí tem 423 mil habitantes e apresenta o 17º PIB per capita do Brasil, (7º lugar no Estado de São Paulo), IDHM de 0,822 (configurando o 10º IDHM do Brasil e 4º IDHM do Estado de São Paulo), foi considerada a 6ª. cidade mais segura do Brasil (IPEA), ocupa a posição do 8º lugar no ranking de cidades inteligentes e é a primeira colocada em retorno de tributos. É o responsável pela administração de 9% do orçamento municipal que é investido no fluxo da zeladoria, entendido como um processo de produção. Desenvolveram uma plataforma sustentável que integra processos matricialmente entre mobilidade urbana, planejamento, DAE (agência de água e esgotos) e Comgás. Baseada em uma lógica de política por resultados e contratos de performance para criar um mapeamento de processos, chegam em soluções integradas para gerar economia e redução de gastos com mão de obra e desperdícios. Um bom exemplo de gestão onde a Prefeitura centraliza os dados das concessionárias para a melhoria das condições de obras urbanas.
Unanimamente, foi apontada a existência de grandes desafios, no que tange a implementação de infraestrutura. Hoje, num orçamento usual, pode-se dizer que o custo de enterrar rede elétrica, telefonia e dados pode significar o triplo do custo de redes aéreas. Não existe um mapeamento de todas as redes existentes no subsolo e já existe legislação formulada com a exigência da elaboração desses projetos no formato BIM (Building Information Modeling), para que obras possam ser realizadas sem danificar redes existentes. São inúmeros os impactos econômicos diretos e indiretos ocasionados pelas constantes necessidades de manutenção e ampliação de redes que são conflitantes com a arborização, peso excessivo de veículos de grande dimensão, vulnerabilidade pelas chuvas, necessidade de abertura de calçadas e arruamentos, geração de congestionamentos e, consequentemente, aumento de emissões. Com a municipalidade como protagonista da centralização dos dados das concessionárias, talvez possamos vislumbrar a viabilidade de melhoria estrutural nesse âmbito.
Uma outra solução de grande relevância adotada pelo Município de Jundiaí é o gerenciamento dos resíduos da construção civil, que podem significar 70% do volume total destinado para descarte em algumas cidades brasileiras. Partindo do rastreamento da geração desses resíduos, é realizado um monitoramento contínuo com sensores no transporte dedicado e, posteriormente, realizado o processamento para a transformação do material em insumos para obras públicas de pavimentação. Além dos benefícios ambientais, existe inteligência na gestão de dados e informação que comprova economia nos gastos.
Como síntese, podemos concluir que os desafios têm ao seu favor empresas experientes de tecnologia e bons exemplos práticos já implementados de gestão que podem se tornar inspiração e grandes oportunidades de melhoria para todos os demais municípios brasileiros.
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