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Mercado de Tecnologia IoT: Desafios e Soluções

Jorge Barros
Jun 27, 2022

Este artigo pretende constituir-se num instrumento útil de referência e consulta mercadológica, sendo a sinopse das pesquisas, debates, análises e contribuições havidas no âmbito da Reunião Estratégica 06 do Smart City Business Brazil Congress 2022, ocorrido na cidade de São Paulo nos dias 24, 25 e 26 de maio deste ano, denominado “Quais são os desafios para se potencializar o mercado de IoT nas cidades e o que fazer para superá-los?”.

Nosso objetivo é compartilharmos com a sociedade brasileira as experiências e os conhecimentos que adquirimos, de forma que o mercado tenha maior impulso de crescimento em suas várias frentes de soluções inteligentes para as cidades através de ideias inovadoras.  Ao produzirmos um conjunto de análises e reflexões que configurem propostas para solucionar os desafios e barreiras ao enunciado em epígrafe, intencionamos, por meio da publicação nos diversos canais de mídia e dos expedientes institucionais de formulação de políticas públicas, podermos oportunamente apresentar essas sugestões junto às instâncias governamentais competentes.


Sabemos que governos municipais a cada dia buscam ampliar a utilização de tecnologia IoT para monitorar suas infraestruturas e seus ativos de forma mais eficaz, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Segundo recente estudo realizado pela Convergência Digital (https://www.convergenciadigital.com.br) o mercado brasileiro de IoT deverá movimentar R$ 8,5 bilhões por ano; segundo a Gartner (https://www.gartner.com), esse mercado mundial, somente para a área governamental, chegará aos R$120 bilhões em 2022.


Estima-se que a expansão da IoT vem trazendo um impacto positivo adicional em todas as economias, traduzido na criação de empregos, redução de custos, ganhos de eficiência na gestão pública, melhoria nos processos de governança, empoderamento dos cidadãos e resolução de problemas públicos.


Entretanto, a experiência dos atores envolvidos em IoT no Brasil mostra que os desafios que se apresentam à frente ainda são enormes. Entre esses, enfatizamos que a Motivação é uma das maiores.  Como se trata de um tema de razoável complexidade técnica, faz-se necessário abordar os 5.570 municípios brasileiros de forma a minimamente motivá-los a conhecer e entender os benefícios das tecnologias emergentes e disruptivas, assim como se capacitarem e planejarem suas gestões para que percebam os reais ganhos de valor.


Além de motivação, as cidades precisam ter o direto de possuírem uma Infraestrutura de TI adequada para operarem seus sistemas digitais, de maneira que propiciem aos cidadãos serviços melhores, de forma organizada, rápida e segura.  Ademais, a adoção de sistemas IoT nos municípios implica não apenas ter infraestrutura adequada, mas principalmente Equipes Capacitadas, seja para entender as características da tecnologia e suas limitações, ou seja, para explorar as possibilidades do seu melhor uso na administração pública. Percebe-se que hoje poucos municípios deram-se conta da enorme importância de capacitar seus servidores públicos, cuja maioria é infelizmente também descontinuada a cada troca de mandato dos prefeitos.


A experiência mostra, portanto, que, isoladamente, a intenção de implementar soluções IoT não garante o bom desenvolvimento dos projetos, o usufruto dos seus benefícios e nem a continuidade das soluções. Dotar uma gestão municipal com tecnologia IoT pressupõe, portanto, um Planejamento Específico que inclua capacitar servidores públicos municipais, conhecer as criticidades e as necessidades dos munícipes, redesenhar processos internos de gestão, conectar dados às demandas e promover a colaboração entre as entidades representativas da sociedade privada, acadêmica e governamental.


Dentro do conjunto de fatores de maior criticidade para termos sucesso num processo de transformação de uma cidade, apresenta-se com ênfase o princípio da Interoperabilidade. Segundo a Cartilha das Cidades, documento oficial do Governo Federal derivado do Plano Nacional de IoT “Uma realidade comum nas prefeituras é que os diferentes departamentos ou secretarias busquem soluções de tecnologia para problemas isolados existentes dentro do seu escopo de atuação.


Esse relacionamento entre prefeitura e fornecedores, que é apenas orientado a problemas pontuais, resulta na aquisição de diversas tecnologias não integradas. Como consequência deste comportamento, silos digitais são criados. Os silos resultam em dois problemas principais. Primeiramente eles possuem custos mais elevados do que soluções integradas, uma vez que diversos componentes que poderiam ser aproveitados por todos os sistemas, como a infraestrutura de rede, são replicados. Em segundo lugar, e mais importante, a falta de cooperação entre as diversas aplicações não permite a criação de soluções que habilitem inovações e maximizem os resultados.”


A conectividade entre as soluções tem, portanto, um papel importantíssimo na transformação para uma cidade inteligente, já que muitos dos recursos utilizados nas cidades são interdependes de comunicação junto às plataformas, servidores e aplicativos móveis. Centros urbanos que utilizam sensores para coleta de dados e, desse modo, fornecem informações para uma gestão eficiente de recursos, estão fazendo um bom uso das ferramentas para se colocarem como exemplos de Smart Cities.  Urge, por conseguinte, resolver a questão da interoperabilidade entre sistemas, princípio basilar de uma solução inteligente, conscientes que ela é, ao mesmo tempo, um ponto de controvérsia e grande resistência entre desenvolvedores de software.


Não menos importante e considerada uma das difíceis barreiras que se enfrenta na adoção de soluções IoT é a Viabilidade Econômica dos projetos, ou seja, a justificação financeira para que faça sentido, economicamente.  De fato, algumas soluções, por trazerem benefícios sociais intangíveis e se mostrarem difíceis de ser mensuradas quanto ao respectivo ganho econômico, apesar do evidente retorno qualitativo à sociedade, acabam sendo julgadas inelegíveis aos editais e licitações.


Ainda dentro do quesito econômico, outra barreira não menos importante a ser considerada é a dificuldade em adquirir materiais e equipamentos relacionados à IoT. Como o Brasil ainda depende da importação de grande parte dos componentes eletrônicos, principalmente na montagem final de placas de circuitos impressos, a alta do dólar nos últimos anos provocou um significativo aumento nos custos correlatos. A inviabilidade dessas aquisições muitas vezes também impacta as áreas de pesquisa e a economicidade dos negócios.


Dada a competitividade do mercado e o fato de soluções IoT, em sua grande maioria, partirem de projetos do tipo Open Source, a velocidade com que as tecnologias digitais evoluem e se tornam obsoletas é muito grande. No quesito de testes, a Obsolescência acaba igualmente sendo um enorme desafio a ser enfrentado já que, não raro, soluções que estão prestes a serem validadas, já serem consideradas caducas frente às novidades no mercado.


Paradoxalmente à obsolescência, a necessidade da velocidade na implementação e na liberação de tais sistemas traz mais um enorme e crucial desafio, que é a questão de Segurança dos Dados e das informações a serem tramitadas entre dispositivos e plataformas. É necessário garantir sempre que tenhamos um bom nível de confiabilidade em estruturas de rede, visto que existe enorme risco de acessos não autorizados a microfones, câmeras e localização de dispositivos por hackers e crackers.


Um outro ponto crucial no processo de adoção de tecnologia IoT é o Processo de Compras adotado pelo setor público.  Normalmente, entidades governamentais não aceitam produtos que se encontram em fase inicial de adoção pelo mercado, dificultando a implantação de soluções inovadoras no ambiente urbano. A lei de liberdade econômica e a revisão da lei de licitações podem trazer avanços neste sentido, mas ainda é necessário termos regulamentação e principalmente a incorporação destes elementos pelas administrações municipais, para se beneficiarem mais intensamente do uso destas tecnologias.


Sabemos que o conceito de Cidades Inteligente vai muito além da aplicação de sistemas digitais. É necessário verificar as vocações econômicas, as condicionantes ambientais e adequar a infraestrutura do munícipio, considerando o interesse comum dos munícipes em todas as áreas, atendendo a educação, a saúde, a economia criativa, o saneamento, a energia, a conectividade, a mobilidade, a acessibilidade, o emprego, etc. Não obstante, sabemos também que a implementação de tecnologias assistivas depende de fatores culturais que facilitem o desenvolvimento de novas soluções com maior confiabilidade.


A partir das análises e considerações supramencionadas, apresentam-se algumas propostas que podem ser trabalhadas tanto no âmbito das próprias empresas privadas, quanto nas esferas governamentais devidas: 


  • Urge que seja concretizado um pacto social em que tanto os recursos, quanto os servidores envolvidos em projetos estruturantes e transformadores de cidades inteligentes, sejam concluídos transversalmente aos mandatos dos prefeitos;
  • Seguindo a linha de planejamento estratégico preconizado pela Cartilha das Cidades, documento derivado do Plano Nacional de IoT do Governo Federal, que sejam adotados padrões nacionais de interoperabilidade entre sistemas de gestão e serviços municipais aos cidadãos;
  • Formulação de programa nacional de fomento e incentivo à capacitação dos servidores públicos municipais, atrelada ao conceito de cidades inteligentes;
  • Instituição do PDTCI – Plano de Tecnologias para a Cidade Inteligente como critério mínimo condicionante para municípios estarem elegíveis a receber fundos incentivados dos órgãos financiadores governamentais em projetos de específicos de Cidades Inteligentes;
  • Criação de leis municipais que permitam a adoção de soluções inteligentes inovadoras/disruptivas em licitações públicas, sem exigência de certificados prévios de conclusão de projetos dessa natureza.


Concluímos asseverando que as cidades precisam adotar soluções inovadoras e superar seus desafios de gestão para poderem de fato evoluir na tecnologia IoT. A aceitação de mudanças regulatórias e questões legais que impactem no desenvolvimento de uma comunidade, é matéria que precisa ser considerada pelos gestores públicos como prioridade e resolvida com devida celeridade.


Elaborado por:


Jorge Barros, Ph.D - CEO Brasil do Instituto Smart City Business America


Fizeram parte da Mesa e colaboraram para esse artigo:

  • Denis Naressi, CEO da Exati Tecnologia
  • Fernando Leonardi, Presidente da Geopixel
  • Gal Eduardo Garrido, Diretor-Superintendente do Parque Tecnológico de Itaipú
  • Gustavo Zarife, CEO da Everynet Brasil
  • João Gomes, CEO da Tecnowatt
  • Leandro Kuhn, CEO da L8 Group
  • Luiz Alberto Rodrigues, CEO da Eicon
  • Marco Bonera, CEO da Techboard Latam
  • Oscar Villalobos, CEO da LandisGyr Brasil
  • Petrus Moreira, CEO da Veloe
  • Roberto Speicys, CEO da Scipopulis

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Por Maria Tereza Vellano - Vice-Presidente de Utilities do SCBA 13 out., 2024
Neste artigo, exploramos as principais conclusões do debate que discutiu como a digitalização das utilities, impulsionada pelas mudanças climáticas, está moldando o futuro das cidades e promovendo maior resiliência urbana. A crise climática está transformando a forma como as cidades e empresas lidam com os recursos naturais e a infraestrutura urbana. Em um cenário onde o aumento da temperatura global, eventos climáticos extremos e a escassez de recursos são cada vez mais frequentes, setores essenciais como água, gás e energia elétrica (as chamadas utilities) estão sob pressão para adotar modelos mais sustentáveis e eficientes. Para lidar com esses desafios, as tecnologias digitais emergiram como soluções poderosas, permitindo a otimização de recursos e facilitando o crescimento de cidades inteligentes. A transformação digital, impulsionada pela crise climática, tem se mostrado não apenas uma ferramenta para mitigar impactos ambientais, mas também um motor de inovação. Ao integrar tecnologias como Internet das Coisas (IoT), big data, inteligência artificial (IA) e redes elétricas inteligentes (smart grids), as utilities estão redesenhando a forma como gerenciam e distribuem recursos, enquanto as cidades inteligentes utilizam essas inovações para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Principais Desafios Apesar dos avanços, a transformação digital nas utilities enfrenta uma série de desafios complexos, tanto tecnológicos quanto estruturais. Entre os mais significativos, estão: Infraestrutura Obsoleta: Muitas redes de energia, água e gás em todo o mundo foram construídas décadas atrás e estão mal preparadas para lidar com as exigências atuais de eficiência e sustentabilidade. Atualizar essas infraestruturas envolve investimentos elevados e planejamentos cuidadosos. Gestão de Recursos Naturais: A escassez de água e as mudanças na distribuição de fontes de energia renováveis criam desafios para o fornecimento estável e confiável de serviços. As variações climáticas tornam mais difícil prever padrões de consumo e de geração de energia, aumentando o risco de interrupções nos serviços. Segurança Cibernética: À medida que as redes se tornam mais digitalizadas, aumenta também o risco de ataques cibernéticos. Garantir a segurança de dados e sistemas críticos é uma preocupação crescente para as utilities e as cidades que dependem de suas operações. Custo e Implementação de Tecnologias: Embora as soluções digitais ofereçam benefícios significativos, sua implementação inicial pode ser cara. Além disso, requer uma força de trabalho capacitada e uma mudança de cultura organizacional para adotar novas formas de operar e tomar decisões. Oportunidades Geradas pela Transformação Digital Ao mesmo tempo, a transformação digital traz oportunidades promissoras para enfrentar os desafios climáticos e remodelar as cidades do futuro. Entre as principais, destacam-se: Eficiência Operacional: A digitalização permite que as utilities monitorem suas redes em tempo real, identifiquem problemas com antecedência e otimizem a distribuição de recursos. Isso resulta em menor desperdício de água e energia, além de reduzir os custos de manutenção e operação. Resiliência Climática: Redes inteligentes (smart grids) e sistemas de IA ajudam as utilities a prever e se adaptar a eventos climáticos extremos, como tempestades e secas, garantindo que os serviços continuem operando mesmo em condições adversas. Além disso, a integração de energias renováveis, como solar e eólica, nas redes urbanas permite uma maior flexibilidade e sustentabilidade. Cidades Inteligentes e Sustentáveis: A conexão entre a transformação digital das utilities e o crescimento das cidades inteligentes é evidente. As cidades que adotam tecnologias digitais conseguem gerenciar melhor o consumo de energia, otimizar o trânsito, reduzir as emissões de carbono e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Sensores IoT, por exemplo, podem monitorar o consumo de água e eletricidade, permitindo que os governos locais ajustem políticas de uso de recursos com base em dados precisos. Engajamento do Consumidor: Com o avanço das tecnologias digitais, consumidores têm mais controle e informações sobre seu consumo de energia e água. Isso incentiva comportamentos mais sustentáveis, como a redução do desperdício e o uso consciente de recursos naturais. Novos Modelos de Negócios e Inovação: As utilities podem explorar novos modelos de negócios baseados em dados, como plataformas de compartilhamento de energia ou tarifas dinâmicas que recompensam o uso eficiente de energia. Startups de tecnologia também encontram um terreno fértil para desenvolver soluções inovadoras que atendam a essa nova realidade. Conclusão A crise climática colocou em evidência a necessidade de mudanças profundas nas estruturas urbanas e nas operações das utilities. A transformação digital, catalisada pelas demandas ambientais, está desempenhando um papel central na modernização desses setores, permitindo uma gestão mais eficiente e sustentável dos recursos. Embora desafios, como a infraestrutura obsoleta e os custos de implementação, continuem sendo barreiras, as oportunidades de inovação, maior resiliência e crescimento das cidades inteligentes são promissoras. Durante o debate os participantes destacaram várias conclusões importantes sobre o papel central da tecnologia e a necessidade urgente de mudanças. A Transformação Digital Não É Mais Opcional . Um consenso entre os debatedores foi que a transformação digital nas utilities deixou de ser uma escolha estratégica e se tornou uma necessidade. As mudanças climáticas estão colocando uma pressão sem precedentes nos sistemas de infraestrutura existentes, exigindo uma modernização rápida. Redes antigas e modelos tradicionais de operação não são mais suficientes para lidar com a variabilidade climática e as demandas emergentes por sustentabilidade e eficiência energética. Eficiência e Sustentabilidade Andam de Mãos Dadas . Os especialistas concluíram que a digitalização não só aumenta a eficiência das operações, mas também promove a sustentabilidade. Tecnologias como medidores inteligentes, redes elétricas autônomas e sistemas de IA ajudam a reduzir o desperdício de água, a otimizar o uso de energia e a integrar fontes renováveis, como solar e eólica, de maneira mais eficaz. Esses sistemas inteligentes permitem uma resposta mais rápida às flutuações climáticas, ajudando a mitigar os impactos de eventos extremos, como tempestades e secas prolongadas. Resiliência Climática é a Nova Prioridade . Os debatedores também enfatizaram a importância de priorizar a resiliência climática nas cidades inteligentes, onde as utilities têm um papel essencial. Foi discutido que, além de reduzir emissões e promover o uso de energias renováveis, as cidades e utilities precisam estar preparadas para lidar com interrupções causadas por eventos climáticos adversos, como blecautes ou a escassez de água. A adoção de tecnologias de monitoramento em tempo real, como sensores IoT e ferramentas de análise de dados, são cruciais para identificar vulnerabilidades e garantir a continuidade dos serviços essenciais. Colaboração entre Setores é Fundamental . Outro ponto unânime entre os debatedores foi que a transformação digital e a resiliência das cidades só serão plenamente alcançadas por meio da colaboração entre o setor público, privado e a sociedade civil. Governos, utilities e empresas de tecnologia precisam trabalhar em conjunto para desenvolver soluções inovadoras e acessíveis que possam ser escaladas de forma eficiente. Além disso, foi ressaltada a importância de políticas públicas claras e de incentivos financeiros para acelerar a adoção de novas tecnologias, garantindo que a digitalização e a sustentabilidade avancem em paralelo. O Papel Ativo dos Consumidores . Por fim, foi abordado o papel crescente dos consumidores na transformação digital das utilities. Com acesso a dados em tempo real sobre o consumo de água e energia por meio de dispositivos inteligentes, os cidadãos podem adotar hábitos mais sustentáveis e participar ativamente na redução da demanda, equilibrando a utilização de recursos naturais. Os debatedores concluíram que a conscientização e a educação dos consumidores serão essenciais para que a transformação digital se traduza em benefícios concretos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade. Em resumo, os debatedores concordaram que a crise climática representa um chamado urgente à ação para as utilities e para as cidades inteligentes. As soluções digitais surgem como a principal resposta, proporcionando maior eficiência, resiliência e sustentabilidade. No entanto, essas mudanças exigem uma abordagem colaborativa, com esforços coordenados entre governo, empresas e cidadãos para transformar as utilities em pilares fundamentais da resiliência climática e do crescimento sustentável das cidades. O caminho está traçado para que as cidades e seus sistemas essenciais evoluam em sintonia com os desafios e as oportunidades do século XXI. Participantes da Mesa de Debates Maria Tereza Moysés Travassos Vellano – VP de Utilities do SCBA - Coordenadora da Mesa Antonio Almeida – Diretor de Soluções Almeida Energy Solution Eduardo Arcas – Head IoT Solutin Latam – Constanta Industrial Gilson Paulillo - Senior Business Development Consultant - Venturus Lucas Molina – Gerente de Desenvolvimento – Everynet Brasil Paulo Roberto de Souza Pimentel - CEO & Founder da Pimentel Smart Grid Utilities Rivaldo de Oliveira Ferreira – Vice- Presidente de Utilities Sonda Sergio Jacobsen - CEO Micropower Energia Severiano Leão Macedo – CISCO Industrial IoT Specialist
Por Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos 5G do ISCBA 17 dez., 2023
A limpeza do espectro tem sido feita em prazos acima das expectativas e vai distanciando cada vez mais a disponibilidade de espectro e a implantação real nas cidades. Embora siga em ritmo acelerado, a implantação do 5G é desigual, principalmente pelo fator econômico. Pesam também fatores estruturais, como a aplicação da Lei das Antenas em cada cidade e a busca de novas aplicações, como a prestação de serviços em Smart Cities. Os novos entrantes começam a desenvolver seus projetos de forma acelerada e se apresenta para eles alguns desafios: projetos enxutos, arquitetura aberta (Open RAN) ou fechada, escolha de fornecedores, estratégia de implantação para além das obrigações, assimetria regulatória, prevista no novo PGMC. A recente aprovação do acordo Winity-Vivo também terá um impacto significativo, tanto na estratégia das entrantes, quanto das incumbentes. Com tantos temas, convidamos para um debate, em 22 de novembro de 2023, alguns dos maiores especialistas no assunto no Brasil, para construir um panorama sobre os reais desafios do 5G no país. Inicialmente, foi bastante elogiado o Edital 5G e seu caráter não arrecadatório, destacando-se a agilidade da implantação pelas incumbentes. Por outro lado, alguns problemas foram levantados, como a necessidade de antenas e as dificuldades das leis municipais, bem como os preços dos Celulares 5G que ainda são elevados. Questionou-se a viabilidade dos novos entrantes, contra incumbentes já estruturadas e atendendo velozmente o mercado, apontando-se, ainda, que a solução para o desenvolvimento das aplicações no 5G é a “desverticalização”. Outros dois importantes aspectos foram destacados: o papel dos novos entrantes na competição nacional e a mudança na regulamentação para a garantia de acesso ao espectro, em caráter secundário. Foi enfatizado a importância da manutenção das assimetrias também no ambiente móvel (SMP). Assimetria como um conceito a ser adequado ao 5G, por exemplo, no uso e compartilhamento de espectro, mercado secundário, de modo a conferir segurança jurídica aos entrantes e demais ISPs, assim, foi sugerida a criação de um banco de dados acessível a todos com as disponibilidades de espectro. Um dos questionamentos foi se a indústria sabe o que realmente quer com o 5G e até que ponto os integradores devem/podem ser os indutores de inovação. Porém, a escassez de mão-de-obra é um problema para o desenvolvimento da inovação. Foi apontado, ainda, que as tecnologias inovadoras são fatores de aceleração e desenvolvimento das redes 5G, tais como as redes abertas, que propiciam vantagens competitivas, sendo necessária a criação de políticas públicas que incentivem a utilização de novas tecnologias, auxiliando as forças de mercado no desenvolvimento do 5G. Um exemplo apontado foi a luminária da JUGANU (com fentom cell 5G), como uma inovação e a importância da coordenação dos atores (Indústria - ABDI) para acelerar as inovações. Outro ponto destacado é que os grandes beneficiários das redes 5G são a Indústria Nacional, o Agro e a Saúde, sobretudo em função da latência. Por isso, as empresas têm de desenvolver a capacidade de ouvir o que a Indústria precisa e desenvolver novos modelos de negócio. Como exemplo foi citado o Polo de Indústrias de Manaus, que tem capacidade média de conectividade em torno de 50Mbps, para entender que o problema não é tecnologia, mas a conectividade. Porém, o Edital 5G não requereu performance, e sim, cobertura. Foi destacado o resultado de uma pesquisa que mostra que 60% das empresas entendem a importância do 5G, mas somente 2% estão analisando a possibilidade de utilização/implantação de soluções em 5G e 30% aguardam por modelos de negócio que possam se adequar às suas necessidades. O Presidente da Brisanet, Roberto Nogueira, deu um importante depoimento sobre o dia seguinte ao Edital do 5G e as dificuldades inerentes à escolha do fabricante, da tecnologia do core de rede e os terminais. Ele informou ter optado por uma tecnologia vertical, por segurança e por lançar o 4G e 5G ao mesmo tempo, na mesma ERB. Em sua análise, o 700 MHz não é essencial pelo adensamento da rede e por ter o 2,3 GHz. Para ele, o grande problema são os compromissos de cobertura em cidades com menos de 30 mil habitantes onde os prefeitos não têm consciência da importância das infraestruturas. Disse, ainda, que a Brisanet já tem cobertura para 4 milhões de acessos potenciais e vai acabar 2023 com torres em 30 cidades, mas seu objetivo é monetizar com o SMP, num primeiro momento, para somente depois pensar em novos modelos de negócio. As empresas têm de estimular/contratar/fazer parcerias com “Desenvolvedores de Aplicações”, a fim de encontrarem soluções disruptivas para agregar valor aos seus negócios. Apps, como Uber, iFood, entre outras, foram criadas por startups, algo difícil de acontecer em uma empresa de telecom, embora elas tenham demonstrado esforços para mudar a situação. Poucos municípios têm boa gestão e por isso a maioria não consegue compreender os benefícios da conectividade. É necessário um veículo para educar os prefeitos sobre a importância deles facilitarem a conectividade com o 5G, já que ela pode trazer grandes benefícios à população, ampliando o acesso a vários serviços. Foi destacado o papel do FUST, que está finalmente oferecendo financiamento aos ISPs, via BNDES e que podem, ainda, ser utilizado para expansão do 5G, desde que não seja para financiar as obrigações contratuais. Acredita que os remédios VIVO e Oi sejam suficientes para incentivar a competição, lembrando que as decisões têm um gatilho de eventuais novas medidas em 60 dias, caso as estabelecidas não surtam os efeitos esperados. Os três grandes eixos do 5G (velocidade, baixa latência e aplicação massiva), mais cedo ou mais tarde, terão grande relevância e aplicação nas indústrias, com aplicações de automação industrial, redes privativas, etc. O sucesso do Edital e da implantação parcial é uma realidade, mas é preciso garantir o sucesso nos resultados, quando da implementação em todo o país. O Edital 5G não tem similaridade no mundo pela quantidade de espectro e o sucesso dos novos entrantes depende da eficácia dos remédios VIVO e Oi, implementados pela Anatel e que eles são importantes para o equilíbrio na competição entre incumbentes e entrantes. O novo PGMC deve também trazer assimetrias semelhantes às implementadas na banda larga fixa que fez com que o mercado de ISPs crescesse exponencialmente, sendo o Brasil um caso único no mundo. Como conclusão, as intervenções dos debatedores mostraram que é necessário: (i) incentivos aos entrantes, sob forma de assimetria regulatória, remédios e financiamento; (ii) incentivos ao desenvolvimento de tecnologias e integradores; (iii) mudança de postura dos administradores municipais para facilitar a implantação de infraestrutura e (iv) entendimento pela indústria, agro, cidades, entre outros segmentos, do potencial do 5G para incrementar seus negócios. Artigo escrito por: • Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos para 5G do ISCBA Participantes da Mesa de Debates: • Anibal Diniz - Consultor da NEO • Arthur Coimbra - Conselheiro da Anatel • Cristiane Sanches - Conselheira da Abrint • Juarêz Quadros - Head do JMQN Advisors • Daniel Brandão - Coord. Ger. Pol. Serv. Telec. do Ministério das Comunicações • Milene Pereira - Gerente Sênior de Governo da Qualcomm Brasil • Roberto Nogueira - Presidente da Brisanet • Tiago Fairstein - Gerente de Novos Negócios da ABDI
Por Maria Tereza Moysés Travassos Vellano - CEO da Vellano Smart Energy Consultoria 16 ago., 2023
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