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Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica como base para crescimento das Cidades Inteligentes. O que falta fazer para acelerar esta Transformação?

• Maria Tereza Moysés Travassos Vellano - CEO da Vellano Smart Energy Consultoria
Jun 14, 2023

Este artigo é uma sinopse das análises e contribuições no âmbito da Mesa de debates do evento Smart City Business Forum (SCB-ForU) realizado no dia 09/05/2023, na sede da KoreLabs STATE, situada à Av. Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina, São Paulo, SP, denominado “Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica como base para crescimento das Cidades Inteligentes. O que falta fazer para acelerar esta Transformação?”

 

As Utilities, responsáveis por serviços essenciais como o fornecimento de água, gás e energia elétrica, irão cada vez mais desempenhar um papel fundamental no crescimento das cidades. As empresas de Utilities precisam preparar as bases para serem o vetor de desenvolvimento de forma sustentável e para lidar com as mudanças no comportamento do consumidor, cada vez mais exigente e demandante por tecnologia.


Para dar conta de atender às demandas crescentes desses consumidores, tanto na quantidade de insumos quanto na qualidade dos serviços oferecidos, as empresas de serviços públicos precisarão apostar intensamente na transformação digital. Neste cenário, as novas tecnologias irão desempenhar um papel fundamental para a inovação nas Utilities.


A exigência para que estas empresas se enquadrem nos requisitos de cidades inteligentes, atendam os desafios da sustentabilidade e aumentem a eficiência energética será cada vez maior nos próximos anos. Apesar das dificuldades para implementar mudanças tão intensas com a velocidade necessária, estes segmentos já estão se preparando para a transformação. 


No entanto, o tão esperado boom tecnológico ainda não aconteceu e, nos próximos anos, elas precisarão aumentar a velocidade de transformação para, de fato, exercerem seu importante papel no crescimento sustentável das cidades inteligentes. O que falta fazer para que isto aconteça?

 

Um aspecto importante a ser considerado é que “as cidades não serão Smart se as empresas não o forem”, ou seja a infraestrutura das cidades para a prestação dos serviços de água, gás e energia elétrica precisa usufruir de uma ampla implementação de tecnologias digitais para que, consequentemente, seus benefícios sejam estendidos a todos os cidadãos.


A transformação digital nas empresas de água, gás e energia pode ajudar no crescimento das cidades inteligentes de diversas maneiras. A implementação de tecnologias digitais pode ajudar a reduzir a poluição do ar, melhorar a segurança pública, gerenciar o transporte público, melhorar a eficiência operacional e energética e reduzir o desperdício de recursos naturais. Além disso, a digitalização pode ajudar a melhorar a qualidade do serviço prestado através da redução de custos, levando a um aumento da satisfação dos clientes e à fidelização dos mesmos


A digitalização também pode ajudar as empresas a se tornarem mais sustentáveis ​​e amigáveis ​​ao meio ambiente. Por exemplo, empresas podem usar sensores inteligentes para monitorar o uso de energia elétrica, água e gás em tempo real, permitindo que elas identifiquem áreas onde podem reduzir o consumo de recursos e minimizar o desperdício.


Por fim, a digitalização pode ajudar as empresas de água, gás e energia elétrica a se integrarem melhor às cidades inteligentes em geral propiciando o trabalho em conjunto com outras partes interessadas para desenvolver soluções inovadoras que melhorem a qualidade de vida dos moradores das cidades.


Na Mesa de Debates, os participantes falaram de suas experiências na implementação de Transformação Digital e abordaram as principais dificuldades enfrentadas que precisam ser equacionadas para a quebra das barreiras que impedem a ampla implementação dessas tecnologias. Entre as principais dificuldades apontadas, a necessidade de avançar no arcabouço regulatório que rege as empresas de prestação de serviços públicos foi unanimidade entre os participantes.


Foi consenso também a necessidade do estabelecimento de Políticas Públicas que orientem a Regulamentação. Da mesma forma, a elaboração um Roadmap Regulatório para Transformação Digital que identifique todos os gaps regulatórios e estabeleça metas, prazos e formas de eliminá-los foi outro tema relevante levantado pelos debatedores.


O alto custo de equipamentos, o atual modelo regulatório que não garante o reconhecimento do investimento e sua devida remuneração, a incerteza com relação ao tratamento a ser dado pelo regulador quando da troca de equipamentos instalados e ainda não totalmente depreciados, o alto custo das infraestruturas de telecomunicações, a inexistência de uma forma estruturada de se compartilhar infraestruturas de Comunicação e Dados,  entre outros pontos, impedem a implementação em alta escala da Transformação Digital no Brasil.


Por outro lado, a falta de garantia de escala na implementação de tecnologias gera uma incerteza muito grande aos fornecedores e em suas estratégias de investimento para fornecimento de equipamentos e soluções, o que também não possibilita a redução de custos.


As principais conclusões do grupo de debatedores para alavancar a Transformação Digital nas Utilities em prol do crescimento das cidades inteligentes são as seguintes:

  • Definição de diretrizes para o desenvolvimento da Transformação Digital dentro de um planejamento nacional de infraestrutura, a exemplo do que ocorre na China que tem um Plano Nacional que envolve 8 ministérios;
  • Criação de estímulos ao desenvolvimento nacional com programa e financiamento e isenção fiscal a empresas multinacionais que desejarem implantar centros de desenvolvimento e disseminação de tecnologias;
  • Planejamento e implementação devem ser integrados com os diversos setores para que as iniciativas sejam sustentáveis;
  • Necessária padronização e interoperabilidade dos componentes das soluções digitais – Concepção de uma única Rede Inteligente Municipal;
  • Solução de Big Data e Analitics de forma a oferecer uma abordagem ampla no tratamento da imensa quantidade de dados gerados, possibilitando aplicações mais eficientes e precisas - uso de Inteligência Artificial;
  • As ações de infraestrutura devem ser integradas envolvendo água, gás e energia elétrica;
  • Especial atenção deve ser dada ao compartilhamento de dados: Cybersecurity e nível de proteção de serviços de dados (cumprimento de requisitos mínimos de segurança cibernética);
  • Definição de diretrizes e responsabilidades de soluções em Telecomunicações com alta confiabilidade, diferenciada para serviços de missão crítica, com preço justo e com uso de forma compartilhada;
  • Capacitação/requalificação da força de trabalho em todos os níveis e setores;
  • Plano de Gestão de Mudança:  Informações aos Clientes/Comunidades afetadas;
  • Todas as implementações têm que ser sustentáveis sob o ponto de vista econômico, financeiro e social.


A implementação planejada e integrada é a forma mais sustentável e menos onerosa para a Transformação Digital das Utilities de Água, Gás e Energia Elétrica, possibilitando assim o crescimento das Cidades Inteligentes

 

Artigo escrito por:

  • Maria Tereza Moysés Travassos Vellano – CEO da Vellano Smart Energy Consultoria

 

Participantes da Mesa de Debates:

  • Alexandre Rodello - Gestor de Sistemas de Controle, Telecomunicações & Automação EDP
  • Antonio Almeida - Diretor de Soluções Almeida Energy Solution
  • Gelson Yama - Senior Sales Manager Magna Sistemas
  • Gilson Paulillo - Development Consultant Venturus Senior Business
  • Janilson Júnior - Diretor de Novos Negócios – American Tower
  • Jose Carlos Reis - Manager AES Brasil
  • Mariélio Silva - Diretor de Tecnologia Nansen
  • Marcos Augusto Peres - Sócio Advogado Manesco Advocacia
  • Paulo Roberto S. Pimentel - CEO& Founder Pimentel Smart Grid Utilities g.
  • Rogério G. Diógenes Filho - CTO Instituto Constanta de Inovação
  • Sérgio Souza - CEO KORE Brasil

SCB Content

Por Maria Tereza Vellano - Vice-Presidente de Utilities do SCBA 13 out., 2024
Neste artigo, exploramos as principais conclusões do debate que discutiu como a digitalização das utilities, impulsionada pelas mudanças climáticas, está moldando o futuro das cidades e promovendo maior resiliência urbana. A crise climática está transformando a forma como as cidades e empresas lidam com os recursos naturais e a infraestrutura urbana. Em um cenário onde o aumento da temperatura global, eventos climáticos extremos e a escassez de recursos são cada vez mais frequentes, setores essenciais como água, gás e energia elétrica (as chamadas utilities) estão sob pressão para adotar modelos mais sustentáveis e eficientes. Para lidar com esses desafios, as tecnologias digitais emergiram como soluções poderosas, permitindo a otimização de recursos e facilitando o crescimento de cidades inteligentes. A transformação digital, impulsionada pela crise climática, tem se mostrado não apenas uma ferramenta para mitigar impactos ambientais, mas também um motor de inovação. Ao integrar tecnologias como Internet das Coisas (IoT), big data, inteligência artificial (IA) e redes elétricas inteligentes (smart grids), as utilities estão redesenhando a forma como gerenciam e distribuem recursos, enquanto as cidades inteligentes utilizam essas inovações para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Principais Desafios Apesar dos avanços, a transformação digital nas utilities enfrenta uma série de desafios complexos, tanto tecnológicos quanto estruturais. Entre os mais significativos, estão: Infraestrutura Obsoleta: Muitas redes de energia, água e gás em todo o mundo foram construídas décadas atrás e estão mal preparadas para lidar com as exigências atuais de eficiência e sustentabilidade. Atualizar essas infraestruturas envolve investimentos elevados e planejamentos cuidadosos. Gestão de Recursos Naturais: A escassez de água e as mudanças na distribuição de fontes de energia renováveis criam desafios para o fornecimento estável e confiável de serviços. As variações climáticas tornam mais difícil prever padrões de consumo e de geração de energia, aumentando o risco de interrupções nos serviços. Segurança Cibernética: À medida que as redes se tornam mais digitalizadas, aumenta também o risco de ataques cibernéticos. Garantir a segurança de dados e sistemas críticos é uma preocupação crescente para as utilities e as cidades que dependem de suas operações. Custo e Implementação de Tecnologias: Embora as soluções digitais ofereçam benefícios significativos, sua implementação inicial pode ser cara. Além disso, requer uma força de trabalho capacitada e uma mudança de cultura organizacional para adotar novas formas de operar e tomar decisões. Oportunidades Geradas pela Transformação Digital Ao mesmo tempo, a transformação digital traz oportunidades promissoras para enfrentar os desafios climáticos e remodelar as cidades do futuro. Entre as principais, destacam-se: Eficiência Operacional: A digitalização permite que as utilities monitorem suas redes em tempo real, identifiquem problemas com antecedência e otimizem a distribuição de recursos. Isso resulta em menor desperdício de água e energia, além de reduzir os custos de manutenção e operação. Resiliência Climática: Redes inteligentes (smart grids) e sistemas de IA ajudam as utilities a prever e se adaptar a eventos climáticos extremos, como tempestades e secas, garantindo que os serviços continuem operando mesmo em condições adversas. Além disso, a integração de energias renováveis, como solar e eólica, nas redes urbanas permite uma maior flexibilidade e sustentabilidade. Cidades Inteligentes e Sustentáveis: A conexão entre a transformação digital das utilities e o crescimento das cidades inteligentes é evidente. As cidades que adotam tecnologias digitais conseguem gerenciar melhor o consumo de energia, otimizar o trânsito, reduzir as emissões de carbono e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Sensores IoT, por exemplo, podem monitorar o consumo de água e eletricidade, permitindo que os governos locais ajustem políticas de uso de recursos com base em dados precisos. Engajamento do Consumidor: Com o avanço das tecnologias digitais, consumidores têm mais controle e informações sobre seu consumo de energia e água. Isso incentiva comportamentos mais sustentáveis, como a redução do desperdício e o uso consciente de recursos naturais. Novos Modelos de Negócios e Inovação: As utilities podem explorar novos modelos de negócios baseados em dados, como plataformas de compartilhamento de energia ou tarifas dinâmicas que recompensam o uso eficiente de energia. Startups de tecnologia também encontram um terreno fértil para desenvolver soluções inovadoras que atendam a essa nova realidade. Conclusão A crise climática colocou em evidência a necessidade de mudanças profundas nas estruturas urbanas e nas operações das utilities. A transformação digital, catalisada pelas demandas ambientais, está desempenhando um papel central na modernização desses setores, permitindo uma gestão mais eficiente e sustentável dos recursos. Embora desafios, como a infraestrutura obsoleta e os custos de implementação, continuem sendo barreiras, as oportunidades de inovação, maior resiliência e crescimento das cidades inteligentes são promissoras. Durante o debate os participantes destacaram várias conclusões importantes sobre o papel central da tecnologia e a necessidade urgente de mudanças. A Transformação Digital Não É Mais Opcional . Um consenso entre os debatedores foi que a transformação digital nas utilities deixou de ser uma escolha estratégica e se tornou uma necessidade. As mudanças climáticas estão colocando uma pressão sem precedentes nos sistemas de infraestrutura existentes, exigindo uma modernização rápida. Redes antigas e modelos tradicionais de operação não são mais suficientes para lidar com a variabilidade climática e as demandas emergentes por sustentabilidade e eficiência energética. Eficiência e Sustentabilidade Andam de Mãos Dadas . Os especialistas concluíram que a digitalização não só aumenta a eficiência das operações, mas também promove a sustentabilidade. Tecnologias como medidores inteligentes, redes elétricas autônomas e sistemas de IA ajudam a reduzir o desperdício de água, a otimizar o uso de energia e a integrar fontes renováveis, como solar e eólica, de maneira mais eficaz. Esses sistemas inteligentes permitem uma resposta mais rápida às flutuações climáticas, ajudando a mitigar os impactos de eventos extremos, como tempestades e secas prolongadas. Resiliência Climática é a Nova Prioridade . Os debatedores também enfatizaram a importância de priorizar a resiliência climática nas cidades inteligentes, onde as utilities têm um papel essencial. Foi discutido que, além de reduzir emissões e promover o uso de energias renováveis, as cidades e utilities precisam estar preparadas para lidar com interrupções causadas por eventos climáticos adversos, como blecautes ou a escassez de água. A adoção de tecnologias de monitoramento em tempo real, como sensores IoT e ferramentas de análise de dados, são cruciais para identificar vulnerabilidades e garantir a continuidade dos serviços essenciais. Colaboração entre Setores é Fundamental . Outro ponto unânime entre os debatedores foi que a transformação digital e a resiliência das cidades só serão plenamente alcançadas por meio da colaboração entre o setor público, privado e a sociedade civil. Governos, utilities e empresas de tecnologia precisam trabalhar em conjunto para desenvolver soluções inovadoras e acessíveis que possam ser escaladas de forma eficiente. Além disso, foi ressaltada a importância de políticas públicas claras e de incentivos financeiros para acelerar a adoção de novas tecnologias, garantindo que a digitalização e a sustentabilidade avancem em paralelo. O Papel Ativo dos Consumidores . Por fim, foi abordado o papel crescente dos consumidores na transformação digital das utilities. Com acesso a dados em tempo real sobre o consumo de água e energia por meio de dispositivos inteligentes, os cidadãos podem adotar hábitos mais sustentáveis e participar ativamente na redução da demanda, equilibrando a utilização de recursos naturais. Os debatedores concluíram que a conscientização e a educação dos consumidores serão essenciais para que a transformação digital se traduza em benefícios concretos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade. Em resumo, os debatedores concordaram que a crise climática representa um chamado urgente à ação para as utilities e para as cidades inteligentes. As soluções digitais surgem como a principal resposta, proporcionando maior eficiência, resiliência e sustentabilidade. No entanto, essas mudanças exigem uma abordagem colaborativa, com esforços coordenados entre governo, empresas e cidadãos para transformar as utilities em pilares fundamentais da resiliência climática e do crescimento sustentável das cidades. O caminho está traçado para que as cidades e seus sistemas essenciais evoluam em sintonia com os desafios e as oportunidades do século XXI. Participantes da Mesa de Debates Maria Tereza Moysés Travassos Vellano – VP de Utilities do SCBA - Coordenadora da Mesa Antonio Almeida – Diretor de Soluções Almeida Energy Solution Eduardo Arcas – Head IoT Solutin Latam – Constanta Industrial Gilson Paulillo - Senior Business Development Consultant - Venturus Lucas Molina – Gerente de Desenvolvimento – Everynet Brasil Paulo Roberto de Souza Pimentel - CEO & Founder da Pimentel Smart Grid Utilities Rivaldo de Oliveira Ferreira – Vice- Presidente de Utilities Sonda Sergio Jacobsen - CEO Micropower Energia Severiano Leão Macedo – CISCO Industrial IoT Specialist
Por Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos 5G do ISCBA 17 dez., 2023
A limpeza do espectro tem sido feita em prazos acima das expectativas e vai distanciando cada vez mais a disponibilidade de espectro e a implantação real nas cidades. Embora siga em ritmo acelerado, a implantação do 5G é desigual, principalmente pelo fator econômico. Pesam também fatores estruturais, como a aplicação da Lei das Antenas em cada cidade e a busca de novas aplicações, como a prestação de serviços em Smart Cities. Os novos entrantes começam a desenvolver seus projetos de forma acelerada e se apresenta para eles alguns desafios: projetos enxutos, arquitetura aberta (Open RAN) ou fechada, escolha de fornecedores, estratégia de implantação para além das obrigações, assimetria regulatória, prevista no novo PGMC. A recente aprovação do acordo Winity-Vivo também terá um impacto significativo, tanto na estratégia das entrantes, quanto das incumbentes. Com tantos temas, convidamos para um debate, em 22 de novembro de 2023, alguns dos maiores especialistas no assunto no Brasil, para construir um panorama sobre os reais desafios do 5G no país. Inicialmente, foi bastante elogiado o Edital 5G e seu caráter não arrecadatório, destacando-se a agilidade da implantação pelas incumbentes. Por outro lado, alguns problemas foram levantados, como a necessidade de antenas e as dificuldades das leis municipais, bem como os preços dos Celulares 5G que ainda são elevados. Questionou-se a viabilidade dos novos entrantes, contra incumbentes já estruturadas e atendendo velozmente o mercado, apontando-se, ainda, que a solução para o desenvolvimento das aplicações no 5G é a “desverticalização”. Outros dois importantes aspectos foram destacados: o papel dos novos entrantes na competição nacional e a mudança na regulamentação para a garantia de acesso ao espectro, em caráter secundário. Foi enfatizado a importância da manutenção das assimetrias também no ambiente móvel (SMP). Assimetria como um conceito a ser adequado ao 5G, por exemplo, no uso e compartilhamento de espectro, mercado secundário, de modo a conferir segurança jurídica aos entrantes e demais ISPs, assim, foi sugerida a criação de um banco de dados acessível a todos com as disponibilidades de espectro. Um dos questionamentos foi se a indústria sabe o que realmente quer com o 5G e até que ponto os integradores devem/podem ser os indutores de inovação. Porém, a escassez de mão-de-obra é um problema para o desenvolvimento da inovação. Foi apontado, ainda, que as tecnologias inovadoras são fatores de aceleração e desenvolvimento das redes 5G, tais como as redes abertas, que propiciam vantagens competitivas, sendo necessária a criação de políticas públicas que incentivem a utilização de novas tecnologias, auxiliando as forças de mercado no desenvolvimento do 5G. Um exemplo apontado foi a luminária da JUGANU (com fentom cell 5G), como uma inovação e a importância da coordenação dos atores (Indústria - ABDI) para acelerar as inovações. Outro ponto destacado é que os grandes beneficiários das redes 5G são a Indústria Nacional, o Agro e a Saúde, sobretudo em função da latência. Por isso, as empresas têm de desenvolver a capacidade de ouvir o que a Indústria precisa e desenvolver novos modelos de negócio. Como exemplo foi citado o Polo de Indústrias de Manaus, que tem capacidade média de conectividade em torno de 50Mbps, para entender que o problema não é tecnologia, mas a conectividade. Porém, o Edital 5G não requereu performance, e sim, cobertura. Foi destacado o resultado de uma pesquisa que mostra que 60% das empresas entendem a importância do 5G, mas somente 2% estão analisando a possibilidade de utilização/implantação de soluções em 5G e 30% aguardam por modelos de negócio que possam se adequar às suas necessidades. O Presidente da Brisanet, Roberto Nogueira, deu um importante depoimento sobre o dia seguinte ao Edital do 5G e as dificuldades inerentes à escolha do fabricante, da tecnologia do core de rede e os terminais. Ele informou ter optado por uma tecnologia vertical, por segurança e por lançar o 4G e 5G ao mesmo tempo, na mesma ERB. Em sua análise, o 700 MHz não é essencial pelo adensamento da rede e por ter o 2,3 GHz. Para ele, o grande problema são os compromissos de cobertura em cidades com menos de 30 mil habitantes onde os prefeitos não têm consciência da importância das infraestruturas. Disse, ainda, que a Brisanet já tem cobertura para 4 milhões de acessos potenciais e vai acabar 2023 com torres em 30 cidades, mas seu objetivo é monetizar com o SMP, num primeiro momento, para somente depois pensar em novos modelos de negócio. As empresas têm de estimular/contratar/fazer parcerias com “Desenvolvedores de Aplicações”, a fim de encontrarem soluções disruptivas para agregar valor aos seus negócios. Apps, como Uber, iFood, entre outras, foram criadas por startups, algo difícil de acontecer em uma empresa de telecom, embora elas tenham demonstrado esforços para mudar a situação. Poucos municípios têm boa gestão e por isso a maioria não consegue compreender os benefícios da conectividade. É necessário um veículo para educar os prefeitos sobre a importância deles facilitarem a conectividade com o 5G, já que ela pode trazer grandes benefícios à população, ampliando o acesso a vários serviços. Foi destacado o papel do FUST, que está finalmente oferecendo financiamento aos ISPs, via BNDES e que podem, ainda, ser utilizado para expansão do 5G, desde que não seja para financiar as obrigações contratuais. Acredita que os remédios VIVO e Oi sejam suficientes para incentivar a competição, lembrando que as decisões têm um gatilho de eventuais novas medidas em 60 dias, caso as estabelecidas não surtam os efeitos esperados. Os três grandes eixos do 5G (velocidade, baixa latência e aplicação massiva), mais cedo ou mais tarde, terão grande relevância e aplicação nas indústrias, com aplicações de automação industrial, redes privativas, etc. O sucesso do Edital e da implantação parcial é uma realidade, mas é preciso garantir o sucesso nos resultados, quando da implementação em todo o país. O Edital 5G não tem similaridade no mundo pela quantidade de espectro e o sucesso dos novos entrantes depende da eficácia dos remédios VIVO e Oi, implementados pela Anatel e que eles são importantes para o equilíbrio na competição entre incumbentes e entrantes. O novo PGMC deve também trazer assimetrias semelhantes às implementadas na banda larga fixa que fez com que o mercado de ISPs crescesse exponencialmente, sendo o Brasil um caso único no mundo. Como conclusão, as intervenções dos debatedores mostraram que é necessário: (i) incentivos aos entrantes, sob forma de assimetria regulatória, remédios e financiamento; (ii) incentivos ao desenvolvimento de tecnologias e integradores; (iii) mudança de postura dos administradores municipais para facilitar a implantação de infraestrutura e (iv) entendimento pela indústria, agro, cidades, entre outros segmentos, do potencial do 5G para incrementar seus negócios. Artigo escrito por: • Caio Bonilha - Vice-Presidente de Assuntos para 5G do ISCBA Participantes da Mesa de Debates: • Anibal Diniz - Consultor da NEO • Arthur Coimbra - Conselheiro da Anatel • Cristiane Sanches - Conselheira da Abrint • Juarêz Quadros - Head do JMQN Advisors • Daniel Brandão - Coord. Ger. Pol. Serv. Telec. do Ministério das Comunicações • Milene Pereira - Gerente Sênior de Governo da Qualcomm Brasil • Roberto Nogueira - Presidente da Brisanet • Tiago Fairstein - Gerente de Novos Negócios da ABDI
Por Maria Tereza Moysés Travassos Vellano - CEO da Vellano Smart Energy Consultoria 16 ago., 2023
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