A criação de modelos de negócios que rentabilizem os investimentos que estão sendo feitos pelas operadoras e pelos entrantes na implantação do 5G, é um debate que impacta diretamente a vida dos cidadãos brasileiros e que merece toda a nossa atenção.
Muito mais que a simples evolução do 4G, muito além do que possibilitar 100% de cobertura, uma redução de 90% de energia de rede, um aumento de 100 vezes da taxa de transmissão de dados (100Gbps), uma banda larga 1.000 vezes mais veloz, de diminuir o tempo de resposta digital (latência) de 50 para meros 1 milissegundo, a Tecnologia 5G permitirá uma exponencial ampliação de aparelhos digitais conectados a um sistema de IoT (internet das Coisas), propiciará a adoção de soluções disruptivas e a criação de modelos de negócios absolutamente inovadores.
A utilização das redes de infraestrutura, a implantação de milhares de novas estações rádio bases em todos os já congestionados centros urbanos, o compartilhamento de ativos públicos, a concessão privada de novos serviços ao cidadão e a regulação de receitas acessórias às parcerias existentes, são alguns dos enormes desafios a serem enfrentados por legisladores, fabricantes de equipamentos, integradores de sistemas digitais e operadores de serviços dessa nova tecnologia. Para cumprir os compromissos de cobertura, não só com a rede SA (Stand Alone) mas também com a NSA (Non-Stand Alone), é necessário um aumento significativo no número de antenas, principalmente na faixa de banda 3,5 GHz. A maioria das cidades ainda não adaptou normas para essas necessidades do 5G, o que pode impactar negativamente nos cronogramas de implantação. Projetos caracterizados como de Cidades Inteligentes podem colaborar positivamente para uma implantação mais rápida e de menor risco do 5G, tendo em vista a grande necessidade de conexões óticas.
Outra necessidade apontada é a correlação do 5G com as estruturas implantadas para que seja evitado o Over Building (infraestrutura em duplicidade), lembrando que no atual modelo o FWA (Fixed Wireless Access), que permite que as operadoras de telecomunicações forneçam serviços de internet de banda larga em áreas onde as linhas de internet de fibra ou fixa estão ausentes, não é viável. A Anatel tem se empenhado fortemente para promover a concorrência com a viabilização de novos players no 5G, a coordenação dos entes governamentais com a indústria, além do cumprimento das metas do edital do 5G.
Apresenta-se, como alternativa para a plena a utilização do 5G, a ampliação de redes privativas com conexão à rede pública, através de um setbox regulatório específico, sendo, portanto, fundamental o fomento do diálogo do poder público com indústria e ISPs, objetivando encontrar solução para todas essas questões.
Um outro ponto apontado como barreira, é o fato de as prefeituras criarem taxas, muitas vezes inconstitucionais, com o objetivo de aumentar arrecadação, dificultando a implantação do 5G e representando um sério entrave ao seu crescimento.
Grandes empresas internacionais disputam atualmente o mercado mundial: chineses, americanos, japoneses, coreanos, espanhóis, suecos e finlandeses. O Brasil, por questões técnicas de espectro de banda de frequência, apresenta-se como o segundo maior campo de uso para aplicativos 5G, atrás apenas da China.
Se for realizado trabalho sério e bem planejado, sem vieses político-ideológicos e com foco na qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, a tecnologia 5G poderá colocar a indústria brasileira na linha de frente da competitividade mundial, abrindo um sem-número de oportunidades ao desenvolvimento econômico, produzindo riquezas e um bem-estar social jamais visto no país.
Elaborado por:
- Caio Bonilha – Vice-Presidente de Assuntos para 5G do SCBA
- Jorge Barros – CEO Brasil do SCBA
Participaram deste SCB Committee e colaboraram para esse artigo:
- Antônio Parrini – COO da EAF
- Carlos Baigorri – Presidente da Anatel
- Cleomar Rocha – Diretor da Tecno IT
- Cristiane Sanches – Presidente do Conselho da Abrint
- Fábio Velloso – Gerente Executivo de PPPs da Caixa
- Felipe Herzog – Diretor da American Tower
- Francisco Soares – Vice-Presidente da Qualcomm Brasil
- Luís Justiniano Gonçalves – Sócio da Manesco Advogados
- Marcelo Motta – Diretor da Huawei Brasil
- Paulo Frosi – Diretor da Connectoway
- Tiago Faierstein – Gerente de Novos Negócios da ABDI