Este artigo é uma sinopse dos debates, análises e contribuições havidas no âmbito da Reunião Estratégica nº 01 do Smart City Business Brazil Congress 2022, ocorrido na cidade de São Paulo no dia 25 de maio DE 2022, denominado Segurança Pública: Câmeras, luzes, ação…
É sabido e comprovado que o uso de câmeras de segurança, a melhoria na qualidade e cobertura da iluminação pública e a adoção de uma ação policial diligente, contribuem significativamente para a redução da criminalidade nas cidades.
Mas, além desses recursos, que outros elementos tecnológicos podem ser utilizados para melhorar ainda mais o nível da segurança pública?
Para exemplificar estas possibilidades, podemos comentar sobre o que foi feito na cidade de Sevilla na Espanha. Durante as festividades de Semana Santa, Sevilha recebe mais de um milhão de visitantes em suas históricas ruas estreitas que, até hoje, conservam o ar colonial dos tempos do descobrimento da América. Este número de visitantes representa quase 25% da população fixa da cidade e o acúmulo e concentração destes visitantes e peregrinos causa enormes preocupações quanto a segurança dos turistas que passam pelo município, bem como exigem um cuidado redobrado para garantir a preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade.
Durante muitos anos, Sevilla sofreu muito com essa “invasão” de turistas que visitavam a cidade para as festas religiosas, com danos físicos nos monumentos e vandalização de prédios históricos, além de sérios acidentes, inclusive com perdas de vidas, em decorrência da grande concentração de pessoas em espaços reduzidos. Pequenos atritos em espaços confinados, levaram muitas vezes a correrias descontroladas, que terminavam com alaridos, depredações, pisoteamentos e outros acidentes de sérias proporções.
Para resolver essa situação, Sevilla solicitou a empresas consultoras, que avaliassem alternativas para controle das situações de pânico, o que resultou em um projeto ambicioso. Após analisar as diversas propostas, a cidade recorreu ao uso de tecnologias inovadoras, que permitiram às autoridades ter o controle absoluto dos eventos, com rápidas respostas, quando exigidas.
Foram utilizados, por exemplo, sistemas de luzes inteligentes, que orientavam o trajeto dos visitantes pelas ruas, através da mudança de cores das luzes, alteração de sua intensidade e frequência da oscilação, sistemas de alto-falantes que orientavam quando necessário, além de sensores em barreiras que indicam o caminho dos romeiros e procissões e que medem o número de pessoas que passam pelas cancelas ou que estão aglomeradas em determinado local, permitido que, a partir de um centro de controle e comando, possam ser tomadas as medidas adequadas para cada situação de risco.
O uso de drones com câmeras através da cidade, complementa essa solução, que alia tecnologia, inteligência embarcada nos dispositivos de IoT e um sistema de monitoramento e governança dos eventos, fornecendo às autoridades e visitantes dados em tempo real sobre cada lugar e momento da cidade. Aplicativos de celular e a utilização de redes sociais integradas ao centro de comando, transmitem aos cidadãos informações contínuas sobre o que fazer e aonde ir, no caso de uma emergência.
Desde que foi implantada essa solução em 2017, o número de ocorrências com vítimas ou feridos durante a semana Santa em Sevilla, foi reduzido a zero, além de ter havido uma sensível redução de danos ao patrimônio cultural da cidade.
O que foi feito em Sevilla é um grande exemplo a ser seguido, e mostra como o uso de tecnologias inovadoras e novos processos de gestão podem trazer grandes benefícios à administração pública.
Mas, como aplicar essas tecnologias ou criar soluções específicas para as cidades? O que devem fazer os gestores públicos para garantir o bem-estar e segurança da população e, simultaneamente, a preservação do patrimônio público?
Será que podemos aproveitar, no Brasil, os exemplos vindos de outras realidades internacionais, aonde modelos legais e disponibilidade de recursos tem características diversas do que as que encontramos no nosso país?
Para discutir estas questões esta Reunião Estratégica ouviu a opinião de especialistas de empresas, gestores, concessionárias de iluminação pública e coordenadores de casos bem-sucedidos, objetivando apresentar de forma clara os recursos hoje disponíveis à obtenção de uma cidade segura e inteligente.
O objetivo do debate foi identificar bons exemplos no Brasil e as lacunas que devem ser preenchidas para assegurar que a legislação existente possa atender as demandas e necessidades de segurança da população, tendo em vista as restrições de confidencialidade e privacidade trazidas pela Lei Geral de Proteção de Dados.
Como resultado, segue os principais elementos apontados para melhorar a qualidade dos serviços de segurança pública, que podem ser resumidos nos seguintes tópicos:
Aprimorar a integração entre os sistemas de TI das diversas secretarias, através de um Plano Diretor de Interoperabilidade. Foram dados vários exemplos aonde a falta de troca de informação entre secretarias e agências dificulta as ações de segurança pública, retardando a tomada de decisão dos agentes envolvidos;
Maior capacitação dos recursos humanos de todas as forças envolvidas nos processos de segurança, sejam elas públicas ou privadas. Constatou-se que esse treinamento e capacitação é fundamental para que os indivíduos que tomam decisões nos diversos pontos da cadeia de comando possam agir de forma rápida e identificar corretamente os riscos e decidir pela melhor ação a ser tomada; e
O processo de governança de TI entre as agências e secretarias envolvidas no suporte e operação da segurança pública deve ser aprimorado, com a definição de regras claras para os papeis e responsabilidades de cada ator do processo. A adoção de metodologias de governança por parte dos órgãos que são responsáveis pela segurança pública deve ser encorajada.
Elaborado por:
- Lorenzo Madrid – CEO USA do Instituto Smart City Business America.
- Participaram da Reunião Estratégica e colaboraram para esse artigo:
- Anderson Gomes – Chief Operating Officer da Erione;
- Fernando Martinelli – CEO da Atman Systems;
- Jefferson Timo – Government Vertical Manager da Hikvision Brasil;
- Jocirene Nascimento das Chagas – Consultora de Negócios da Ezute;
- Nelson de Sá – CTO da Techboard Latam;
- Rafael Grande – Diretor da Vertical Segurança Eletrônica e Data Center da L8 Group
- Major Boaz – Secretário de Segurança Urbana de Santana de Parnaíba SP.